quarta-feira, 25 de março de 2009

Uma leitura original e divertida da História de Caramuru e Paraguaçu

Uma comédia de nuances tropicalistas, um retrato bem-humorado do imaginário popular brasileiro. A INVENÇÃO DO BRASIL, texto da minissérie da TV Globo, mistura ficção com realidade para tratar de uma das lendas mais antigas e fascinantes sobre a formação do nosso país — a história do degredado português Diogo Álvares, o Caramuru, e sua índia Paraguaçu. O roteiro de Guel Arraes e Jorge Furtado chega às livrarias numa edição sofisticada, com projeto gráfico de Silvana Mattievich, papel couché matte e imagens do programa.

Diogo Álvares nasceu em Viana do Castelo, por volta de 1575. Pouco se sabe sobre sua vida na Europa ou as razões que o levaram a deixá-la. Talvez tenha embarcado para fugir da vingança de um nobre traído. Talvez fosse um degredado, condenado pela Inquisição pela prática de quiromancia ou por espionagem a serviço da Espanha ou da França. Ninguém sabe. O que se sabe é que ele foi feito cavaleiro real de Portugal por sua ajuda a Tomé de Souza, em 1549. Foi graças a ele que os portugueses fundaram Salvador, a primeira capital do Brasil. Caramuru reinou entre os tupinambás por mais de 50 anos. Paraguaçu nasceu na ilha de Itaparica, que fica em frente à cidade de Salvador. A ilha deve seu nome ao seu pai, chefe dos tupinambás. O Frei Vicente de Salvador, primeiro brasileiro a escrever uma história do Brasil, conheceu Paraguaçu. Ele diz, ninguém sabe por que, que ela foi batizada com o nome de Luiza. Não é verdade. Ela foi batizada sim, mas com o nome de Catarina do Brasil.


A narrativa inventada por Guel Arraes e Jorge Furtado reconstitui a época áurea dos descobrimentos portugueses, percorrendo a Lisboa quinhentista e o litoral dionisíaco do Brasil recém-descoberto. Hábitos, costumes, práticas sexuais: as diferenças entre os europeus e os índios são exploradas a partir de um ponto de vista original e divertido, com a irreverência que costuma marcar as produções da dupla nos últimos 10 anos.

O pernambucano Guel Arraes viveu parte de sua vida na Europa e trabalhou no Comitê do Filme Etnográfico, de Jean Rouch. Como diretor de núcleo da Globo, realizou trabalhos marcantes na TV brasileira, como Armação Ilimitada, TV Pirata, Comédia da Vida Privada e Programa Legal.

Jorge Furtado é gaúcho, sócio da Casa de Cinema de Porto Alegre e diretor de curtas premiados internacionalmente. Roteirista talentoso, vem adaptando clássicos brasileiros para a TV e trabalhando com Guel em programas de sucesso.


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